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06.08.2021POR Miguel Tavares

Luís Pedro Madeira: “Não consigo perceber como é que um estudante vem para Coimbra só para ser estudante”

O comentário do Observatório do dia 6 de Junho com o artista, compositor, produtor e professor, onde houve espaço para falar de aulas, pandemia, Coimbra Capital Europeia da Cultura e o papel da AAC na formação cultural (e não só) dos estudantes.

Luís Pedro Madeira, reconhecido pelo seu trabalho de composição em inúmeras bandas portuguesas (Belle Chase Hotel, Wray Gunn, Pensão Flor) e também no cinema português (“Embargo”, “Pedro e Inês”), veio ao Observatório, onde se acabou por contornar as suas contribuições mais mediáticas e falar do ensino da música, a cultura em Coimbra e o que lhe faz falta, e o que os estudantes da UC podem retirar dos diferentes grupos culturais que a academia oferece.

“Só conseguimos gostar da música se a vivermos”

A música só consegue ser ensinada por quem a vive e sente, pelo menos é o que defende Luís Pedro Madeira, que acumula ao seu trabalho de composição e produção a docência de aulas de música do ensino primário. Uma actividade que o obrigou a tomar medidas criativas devido à situação pandémica e que levou a um viralidade inadvertida de uma das suas aulas online que o professor publicou no YouTube. Apesar do sucesso de algumas iniciativas, para o comentador esta é uma situação que tem de terminar – para o ensino da música, de forma particular, a vivência não passa através de uma vídeo chamada, e as crianças não conseguem realmente sentir o que se está a ensinar.

Ainda no domínio da pandemia COVID-19, o músico relatou a sua desolação para com a incapacidade de parte da população em compreender que “muitas coisas não são [apenas] para si, são para a comunidade”, no que toca às normas de segurança e prevenção estabelecidas.

“Uma festa é uma festa e não pode continuar para sempre”

A festa em destaque foi a possível realidade de Coimbra Capital da Cultura em 2027. Uma candidatura que concorre contra outras 9 cidades portuguesas (onde uma será escolhida obrigatoriamente), mas que para Luís Pedro Madeira, está bastante atrasada em relação à concorrência. Na opinião do artista de Coimbra, a candidatura neste momento apresenta poucas concretizações e deveria focar-se mais em dotar a cidade de infraestruturas em falta para a cultura, em vez de se concentrar maioritariamente numa “festa” de um ano, que inevitavelmente acaba.

Não escondendo a sua preocupação, o compositor dá o exemplo de outras candidaturas, como a de Oeiras, como exemplos a seguir, com uma visão de futuro. A cidade de Coimbra, no seu entender, tem pessoas e estruturas culturais de qualidade que devem ser aproveitadas para melhorar e aprefeiçoar esta candidatura.

“Não haver gente que venha cantar, fazer teatro, fazer cultura nesta casa, é horrível”

A produção cultural dentro da Associação Académica de Coimbra foi outro dos temas em destaque, fomentado por Luís Pedro Madeira ter passado pelo Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC) na sua passagem pela Universidade de Coimbra. A falta de pessoas nos grupos culturais é um problema real, alimentado pela distância que se colocou entre estes e os estudantes no último ano. É evidente para o comentador que a passagem de um estudante pela UC não se pode limitar apenas a estudar e fazer o curso, uma realidade cada vez mais comum desde a implementação dos cursos de 3 anos com o Tratado de Bolonha.

Pode ouvir todo o comentário em formato podcast no link acima ou no Spotify.

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