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Divulgado estudo sobre o impacto da pandemia no turismo

A relação entre a pandemia e o turismo foi analisada neste estudo internacional que aponta a necessidade da indústria turística se reinventar.

Algumas dezenas de investigadores de todo o mundo juntaram-se para perceber o impacto da cobid-19 no setor turístico, uma das áreas mais afetadas pela pandemia ao longo do último ano (entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021).

Cláudia Seabra, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) e responsável pela equipa que desenvolveu o estudo relativo à situação portuguesa, explicou que esta investigação incidia sobre 4 diferentes níveis: a sensação de insegurança sentida pelos inquiridos, o comportamento e planos de viagem dos mesmos e a disponibilidade para acatar as medidas de segurança impostas pelo governo. Para além desta análise, o estudo também se propunha a perceber como é que estes fatores tinham evoluído ao longo do ano que decorreu.

Segundo a investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT), os resultados desta investigação permitiram perceber como a insegurança gerada nos portugueses pela pandemia afetou o turismo do país.

Cláudia Seabra revelou ainda que a sensação de risco relativamente a viagens internacionais aumentou com o desenrolar da pandemia, sendo que, durante a terceira vaga (quando a pandemia atingiu o seu pior momento em termos de casos positivos e de mortes), se estendeu a viagens domésticas.

Relativamente ao turismo e ao lazer, a investigadora explicou que os inquiridos se sentiram mais inseguros no decorrer do verão de 2020. No entanto, foi durante a segunda vaga, na qual se registou um maior desleixe, que a população sentiu mais receio de atividades em espaços fechado.

Já as medidas de segurança impostas pelo governo parecem ser consensuais para a maioria dos portugueses, embora seja notória uma maior insatisfação para com as restrições mais invasivas.

Apesar de já se perspetivar o levantar da maioria das restrições ainda em vigor no nosso país, Cláudia considera que, no que diz respeito ao turismo, a pandemia só pode ser dada como terminada quando todo o mundo estiver estabilizado.

A investigadora lembrou que a insustentabilidade do setor turístico foi responsável pela rápida disseminação da doença e que, por isso, as medidas de segurança ganham agora uma nova importância.

A docente da FLUC considera que aquilo que a nossa história recente nos ensina é que o futuro deve trazer mais situações semelhantes àquelas que estamos agora a viver, pelo que a prevenção das mesmas se torna fundamental.

Para Cláudia Seabra, este período deve servir para repensar a indústria. Os cuidados higiénicos devem agora ser maiores do que nunca, as questões relacionadas com a lotação e com as acessibilidades devem ser mais impositivas e a automatização e digitalização dos processos torna-se numa necessidade (embora precise de ser balanceada com o contacto interpessoal).

A investigadora considera que, depois da pandemia, sai reforçada a ideia de que o turismo não é apenas uma atividade económica, mas também social e com um forte impacto político, pelo que a sua sustentabilidade deve ser garantida.

Todo o trabalho desenvolvido no âmbito deste estudo foi concentrado no livro “Pandemics and Travel: COVID-19 Impacts in the Tourism Industry”, publicado por um grupo de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Politécnico de Viseu (IPV) e editado pela editora de livros científicos Emerald Publishing. Nesta obra é feita uma análise profunda sobre os impactos de outros surtos de virais no turismo e na mobilidade em todo o mundo, sendo apontados os novos desafios que a indústria deve enfrentar num futuro próximo.

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