Protesto contra Minas no Barroso (Vila Real) junta Caravana Zapatista [alterado a 17.08.2021]
A Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso, em conjunto com outras associações e movimentos, e às quais se junta agora a Assembleia da Caravana Zapatista, de Coimbra, está a organizar várias iniciativas contra a exploração mineira na Cova do Barroso, no distrito de Vila Real, e que vão decorrer em Agosto.
A Assembleia da Caravana Zapatista de Coimbra, numa colaboração que tem vindo a procurar atravessar diversas fronteiras, também se vai juntar ao protesto contra a activação da exploração de volfrâmio e lítio projetadas para Montalegre e Boticas.
Entre as iniciativas de protesto contra esta actividade de exploração, de acordo com informações da agência Lusa, estão uma marcha com tratores, caminhadas, um acampamento e sessões de esclarecimento, estas últimas a decorrer em várias zonas do país.
Segundo um comunicado divulgado pelo Movimento Não às Minas – Montalegre, o objectivo passa por demonstrar a oposição da população não só à intenção da empresa Minerália em explorar volfrâmio na Borralha, mas também “ a todos os outros projetos mineiros na região, independentemente da fase em que se encontrem (pedidos de prospeção, pedidos de exploração ou já em laboração)”.
Barroso e Caravana – uma congregação na resistência
Jéssica Araldi é membro da caravana Zapatista pela Vida e falou com a RUC sobre a motivação subjacente a este encontro entre movimentos de protesto, nomeadamente a prevalência de interesses de exploração de recursos sobre as condições de vida de populações locais e território de produção agrícola e paisagístico.
Representante da Assembleia da Caravana Zapatista, em Coimbra, declara-se esperançosa que esta união de movimentos reforce os protestos em Vila Real de forma positiva e progressista para a autonomia da população local na defesa dos seus interesses. Culminando em sucesso, Jéssica acredita que será um primeiro passo para novos caminhos.
Território e população local vs. civilização tecnológica?!
Quando questionado acerca dos movimentos de protesto contra as minas no Barroso, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, defende o desenvolvimento de projectos industriais para a transformação do lítio.
A respeito dos protestos da população e os movimentos que agora se congregam em defesa da região de Vila Real, o ministro argumenta a necessidade da matéria-prima para o desenvolvimento industrial em Portugal.
A Minerália é a empresa de exploração mineira que requereu a celebração do contrato de concessão de exploração de volfrâmio, estanho e molibdénio em área do antigo couto mineiro. As minas da Borralha abriram em 1902, encerraram em 1986 e chegaram a ser um dos principais centros mineiros de exploração de volfrâmio em Portugal.
O movimento português de suporte à Caravana Zapatista, que agora se agrega aos protestos na Cova do Barroso, é constituído por elementos que se reuniram com a finalidade de acolher uma delegação zapatista na cidade de Coimbra, e que integra, em simultâneo, “uma coordenação, a nível nacional […] de pessoas de diversos coletivos do país que se reuniram para fazer o convite às e aos zapatistas a passarem por Portugal, uma vez que cheguem à Europa, e para organizar eventos para esta passagem e divulgá-la”. Neste sentido, anunciou também um encontro de esclarecimentos em Coimbra no dia 7 de Agosto, às 18 horas, no Salão Frida Kahlo.
Fotografia: Diário Atual