Fotografias, na Praça da Canção, apelam à empatia com os que procuram refúgio na Europa
Rostos de gente que vive no novo campo Kara Tepe em Lesbos, na Grécia, “olham-nos nos olhos” em 17 cidades Europeias. Voluntários, em Lisboa, Porto e Coimbra, no último sábado, ajudaram a mostrar a beleza, serenidade e angústia dos que chegam à Europa em busca de futuro.
“Europe Look Me In The Eyes” começou na ilha de Lesbos na Grécia e alastrou a cidades como Edimburgo, Paris, Nantes, Berlim, Barcelona, Oslo, Malmo, Bruxelas, entre outras. Inserida no projeto de arte participativa ‘Inside Out’ do artista francês, JR, tem como finalidade alertar para a necessidade de proteger os direitos humanos básicos, como dignidade, justiça, igualdade e respeito pela vida humana. Está desde sábado, dia 17, na Praça da Canção em Coimbra.
O representante do ‘Potugal Look Me In The Eyes’, Frederico Martinho, conta-nos como nasceu o projeto. Em Coimbra recebeu o apoio do Há Baixa.
A ideia principal do projeto passa por tentar aproximar os cidadãos europeus dos que estão dentro dos campos de refugiados, e que “não têm voz”, afirma, Frederico Martinho. O ativista explica que através da arte somos convidados a olhar os que estão distantes e “ocultos pelas políticas”. Uma forma de criar “empatia” com aqueles que estão a viver em campos de refugiados.
Muitos dos rostos fotografados são crianças e jovens que têm a sua infância e adolescência cercada. Frederico Martinho alerta para o facto de a energia acumulada de muitos destes jovens estar a provocar que a sua vida seja “não só adiada mas mesmo destruída”, a cada dia que passam dentro de um campo. Com este compasso de espera, só se “está a criar um problema maior”, adverte.
De acordo com Frederico Martinho, torna-se por isso necessário que os países europeus “fechem os campos” e “abram as fronteiras”, em conjunto, “não de forma isolada”. Dessa forma todos seriam acolhidos de forma digna e os mais jovens poderiam continuar os seus estudos.
“Procurar proteção e asilo na Europa é ainda mais difícil porque os países delegam o controlo das suas fronteiras a outros países, como a Turquia, a Líbia e Marrocos. A Europa e o resto do mundo não podem continuar a fechar os olhos a esta crise humanitária, nem tentar escapar às responsabilidades, atribuindo contribuições de caridade a estes países”, afirma Villy Tentoma, coordenadora das ações na Europa.
O ativista português gostaria de ver o cidadão comum a envolver-se na defesa dos direitos dos refugiados e a pressionar os diferentes governos para que as políticas europeias mudem.
“Por trás destes rostos estão histórias humanas; histórias de resistências implacáveis e ilegais, de opressão continuada e perigo; histórias verdadeiras de doenças, violações, abusos e tráfico de pessoas em campos de refugiados superlotados; condições sanitárias desumanas, morte por congelamento ou calor e risco de deportação para países devastados pela guerra. Portugal, consegues olhá-los nos olhos? ” – Escreve a organização em nota de imprensa.