Reivindicação pela autonomia do Hospital dos Covões aprovada em Assembleia da República
A Comissão de Saúde Nacional aprovou por unanimidade a petição entregue em Junho de 2020. A RUC acompanhou o evento de divulgação do resultado, que ocorreu no passado dia 15 de Julho, e entrevistou o relator da petição, o deputado Carlos Maló de Abreu.
A Comissão de Saúde Nacional aprovou por unanimidade a petição entregue em Junho de 2020, no Parlamento, a qual assenta no reconhecimento das consequências nocivas provocadas pelo progressivo desmantelamento dos serviços de saúde no Hospital Geral de Coimbra desde a constituição do CHUC. Assim é, de resto, um breve resumo do contexto que origina a reivindicação da autonomia daquele hospital, conforme manifestado pelas mais de 4500 assinaturas reunidas.
O resultado foi divulgado quinta-feira, por António Maló de Abreu, deputado da Assembleia da República Portuguesa e relator da petição, no encontro público que decorreu, para esse efeito, em pleno jardim do Hospital dos Covões.
O relatório, sujeito a uma elaboração “muito factual”, conforme referiu o deputado, encontra-se alicerçado, sobretudo e não só, em audições com conselhos de administração, ministros da saúde (atendendo aos respectivos ministérios desde 2012) e peticionários, bem como em visitas aos vários pólos hospitalares de Coimbra.
No entanto, relembra que é necessário continuar a investir – mesmo após a eventual aprovação em plenário – para recuperar a reconhecida qualidade dos serviços médicos prestados nos hospitais de Coimbra.
Posições opostas: o actual Conselho de Administração do CHUC vs peticionários
Quando questionado pela RUC sobre um eventual conflito dentro da comunidade de profissionais de saúde do CHUC, a respeito da negação, quer do desmantelamento, quer da diminuição de qualidade de serviços, pelo actual presidente do Conselho de Administração, apesar de valorizar a intenção de reconhecimento de um plano estratégico, conforme Carlos Santos admitiu anteriormente à RUC, António Abreu admitiu que há intenções obscuras subjacentes às transformações que têm ocorrido desde a fusão.
O médico cirurgião Diogo Cabrita, numa curta mas manifesta intervenção, não poupou críticas às administrações dos CHUC (actual e anteriores), apontando vários adventos que têm contribuído para que a prestação de cuidados, nomeadamente nos serviços de urgência, seja o que drasticamente apelidou de “hecatombe”.
Contudo, a intervenção de Diogo Cabrita não terminou sem iluminar a intenção das críticas que enunciou, apelando à união e participação de todos para criar um “plano ambicioso” que recupere a qualidade dos serviços de saúde da região centro pelos cuidados hospitalares prestados em Coimbra.
O painel de intervenções contou ainda com Sandra Simões, médica assistente hospitalar, porta-voz de movimentos cívicos pela saúde na região centro e fundadora da recém-criada Associação Centro Saudável, e a enfermeira Ângela, também delegada do Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem
No plano concreto, a decisão agora divulgada constitui um muito aguardado e significativo avanço nas reivindicações de cidadãos, profissionais de saúde, utentes e mesmo partidos políticos, na medida em que prossegue para discussão e votação no plenário da Assembleia da República.