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18.07.2021POR Isabel Simões

Carlos Fortuna sugere que Coimbra venha a ser uma cidade “glocal”

O professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) foi um dos oradores do Festival Cidades Resilientes que terminou ontem, sábado, no Convento São Francisco. Dissertando sobre o futuro das cidades em geral, Carlos Fortuna recomendou que Coimbra tenha “políticas públicas inteligentes” e que valorize o que é seu sem esquecer desafios que vêm de fora.

“Cidades pequenas”, como Coimbra, com “falta de escala para serem metrópoles”, incorporam muitas vezes, linguagens que dizem respeito a cidades muito maiores, advertiu. O que deviam fazer, “era valorizar aquilo que é local”, passarem a valorizar “as suas sinergias e a sua cultura”, disse.

“Não somos Londres, nem Paris, nem Nova Iorque, nem Singapura nem sequer São Paulo ou Hong Kong”, justificou. “Coimbra glocal é essa cidade que mistura aquilo que é nosso e ajusta os desafios que vêm de fora”, explicou no final da sessão à comunicação social.

Sobre as ‘Smart Cities’, Carlos Fortuna concordou com a necessidade de uma “infraestrutura de inteligência que seja capaz de responder de forma setorial às outras partes da inteligência urbana, da energia, da água, da saúde ou dos transportes”, entre outras. Contudo, para o professor, para além destas políticas de longo prazo, também as pessoas têm de ser ‘smart’ e começarem a apreciar a “lentidão dos processos”.

Andamos todos embalados por um aceleracionismo cultural e social” do “já e agora”, alertou. “É preciso ter um cidadão lento que sabe caminhar na cidade”. A lentidão permite apreciar detalhe, do que é que as cidades são feitas”, lembrou o professor da FEUC. Por parte dos poderes públicos, nas cidades do futuro, destacou a importância de perguntar e “conversar com as pessoas, antes de executar a obra “.

Considerando que Coimbra “tem desperdiçado oportunidades” como a Capital Nacional da Cultura em 2003 que, na sua opinião, devia ter deixado alguma coisa. Outro dos exemplos invocados foi o “investimento brutal na formação de quadros superiores” que não ficam na cidade. “Coimbra dá empregos mas não os cria”, lamentou. Nesse sentido, o professor da FEUC propôs que as políticas sejam “mais inteligentes”.

À comunicação social, a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra mencionou que os objetivos do festival passaram por refletir sobre “o Futuro das Cidades”. Razões que levaram a organização a convidar cerca de três dezenas de especialistas para deixarem aos autarcas “boas ideias e boas pistas para a forma como essas cidades podem e devem, ser pensadas para o futuro”.

Poiares Maduro, ex-ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional, foi outro dos convidados da sessão, tendo problematizado sobre o TGV e a perda de “centralidade” de cidades como Coimbra, se Lisboa e Porto estiverem à distância de pouco mais de uma hora.

O Festival das Cidades Resilientes, decorreu em Coimbra de 16 a 17 de julho, no Convento São Francisco e foi organizado pelo município de Coimbra e pela plataforma de jornalismo, cultura e educação Gerador.

Fotografia: CMC

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