Prémio Literário Manuel Alegre distingue seis contos escritos por jovens mulheres
Ana Rita Rodrigues, venceu a primeira edição do Prémio literário Manuel Alegre. A premiada recebeu um prémio monetário no valor de 2000 euros e vai ver a sua obra editada.
O prémio Literário Manuel Alegre foi hoje entregue, no Teatro Paulo Quintela, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A cerimónia distinguiu 6 contos originais de alunas do ensino superior de todo o país, que agora vão ser editadas.
Foi o Grupo de Fado e Guitarras da Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra (SF/AAC) que, dando voz à obra de Manuel Alegre, se deu a entrega do prémio literário Manuel Alegre. A distinção ocorreu na presença de Alberto Martins, José Manuel Mendes, Guilherme d’Oliveira Martins, João Assunção e do próprio Manuel Alegre que, em conjunto com a professora Clara Rocha, constituíram o júri. O padroeiro do galardão destacou a importância da iniciativa e espera que a partir deste prémio nasçam muitos escritores. O escritor sublinhou ainda que o nome do prémio aparece em representação de toda a sua geração que, através da cultura, “abalou o regime”, e pediu aos jovens que “venham à escrita sem medo”.
O presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), João Assunção, referiu que este é um projeto que vai “ecoar no tempo” e ao qual deve ser dado continuidade. O dirigente revelou também que a DG/AAC vai propor na próxima Assembleia Magna que se distinga Manuel Alegre como sócio honorário da Associação Académica de Coimbra.
A obra vencedora, “Casa Transparente”, de Ana Rita Rodrigues, que assina com o pseudónimo de Alva Montenegro, recebeu vários elogios de todo o júri, que lhe destacou a maturidade e o “notável grau de enfabulação”. Segundo a autora, o medo do esquecimento é uma das principais razões para escrever e acabou por dar o mote para este conto. Determinantes foram também os versos: “Li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios,/ quando alguém morria perguntavam apenas:/ tinha paixão?”, de Herberto Helder e a devoção pelas coisas vulgares.
A estudante no mestrado de ciências da comunicação na Universidade do Porto, natural de Aljezur, afirma que o “exercício” da escrita é uma fuga à “mecânica do jornalismo”. Para Ana Rita, este concurso foi uma forma de se pôr à prova, uma vez que nunca se leva “muito a sério”.
Este prémio contou com a participação de quase 200 estudantes e tenta impulsionar a tradição literária de Coimbra.
Fotografia: AAC