20 anos de Rankings das Escolas: o “melhor” e o “pior” da educação em Portugal
Foram lançados hoje pela comunicação social os “Rankings das Escolas”, pelo vigésimo ano consecutivo. Esta comparação anual das escolas secundárias do país gerou, como é recorrente, críticas por parte das escolas e da FENPROF.
Os rankings das escolas divulgados hoje não são uma novidade para os portugueses. Elaborados anualmente por órgãos da comunicação social, com base em dados de performance cedidos pelo Ministério da Educação, procuram comparar o ensino secundário em Portugal e encontrar “as melhores escolas do país”.
Este ano não foi excepção, e apesar do ensino à distância, este ranking completou o seu vigésimo aniversário em ano de pandemia. Também voltaram este ano as críticas a estas listagens, inclusive pela voz do Ministério da Educação, que as considera “injustas e redutoras”, sem “reflectir a qualidade do ensino das escolas”.
A RUC falou com Mário Nogueira, líder da FENPROF, que deixou clara a sua posição quanto a estas classificações, e a sua existência em Portugal:
Fazendo eco do comunicado da FENPROF emitido hoje, Mário Nogueira apontou a perversão da divulgação dos rankings e a inexistência de qualquer benefício para as escolas e o ensino. Tomando uma posição paralela à do Ministro da Educação, o líder da FENPROF frisou a injustiça para escolas que vêm o seu trabalho minimizado.
Este alinhamento improvisado entre FENPROF e Ministério da Educação não passou despercebido a Mário Nogueira, que continua a apontar o dedo à equipa de Tiago Brandão Rodrigues como os principais culpados por estas injustiças.
Quanto aos rankings em si, a Escola Secundária Infanta Dona Maria em Coimbra continuou a ocupar os lugares cimeiros das escolas públicas. Ainda assim, para Cristina Ferrão, diretora da escola, o impacto dos rankings para as escolas é negativo:
A diretora da escola secundária mostra-se extremamente crítica da forma como estes rankings são criados, por compararem aquilo que, à partida, não é nem deve ser comparável. Os diferentes contextos das escolas e o fosso existente entre o ensino publico e o privado, no seu entender, tornam estes rankings enviesados para medir uma falsa qualidade de sucesso.
Para Cristina Ferrão, um possível melhoramento à metodologia actual passaria por agrupar as escolas por contextos sociais semelhantes, mas mesmo isso poderia apresentar visões corrompidas da realidade.
Como possível origem destas discrepâncias de organização, Cristina Ferrão trouxe à conversa também a questão de contratação de professores e as dificuldades destes em conseguir conciliar a sua vontade de um ensino de qualidade com as condições que lhes são apresentadas.
Já para Mário Nogueira, não há alternativa razoável ao fenómeno dos rankings, que na sua opinião deve desaparecer. O líder sindical aponta como único caminho possível a partilha destes dados para uso interno de cada instituição de ensino, e nada mais.
FENPROF, professores e o próprio Ministério da Educação apresentam assim uma posição aparentemente alinhada contra a publicação destes rankings, que são hoje manchete nos principais meios de comunicação em Portugal.