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Álvaro Garrido: “A propina zero não é atendível nem desejável”

O diretor da FEUC comenta as reivindicações dos estudantes na manifestação organizada pela AAC, partilha como a sua faculdade está a realizar o desconfinamento progressivo, aborda os impactos da COVID-19 na economia e qualifica o 25 de abril como o acontecimento mais importante da história portuguesa contemporânea.

O Observatório de quarta-feira, 28 de abril, contou com a presença do diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), Álvaro Garrido.

O diretor da FEUC começou por comentar a manifestação promovida pela Associação Académica de Coimbra (AAC), em que os cerca de 500 estudantes presentes reivindicaram a erradicação da propina, o aumento da ação social direta, a concretização do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior e o fim do regime das prescrições. Para Álvaro Garrido, em tese, as reivindicações são justas. Em concreto a propina zero não é atendível nem desejável. O professor de história diz que não há condições financeiras para as instituições de ensino superior reduzirem as propinas e que, embora seja um valor difícil de suportar para algumas famílias, o valor atual da propina não é muito elevado face ao investimento que o estado faz no ensino superior. Para o diretor da FEUC, o valor atual da propina está próximo de satisfazer a ideia de que o ensino superior publico deve ser tendencialmente gratuito.

No âmbito do plano de desconfinamento progressivo possibilitado pela redução da gravidade da pandemia da COVID-19, o ensino superior voltou a ter aulas presenciais desde 19 de abril. Álvaro Garrido faz um  balanço muito positivo do processo na sua faculdade. O professor é adepto do ensino presencial e tem esperança de que a partir de setembro já tenham ensino presencial a 100% (para já, funciona um sistema misto, com estudantes em sala e outros à distância).

O professor de história comentou também os impactos da crise provocada pela COVID-19. Álvaro Garrido diz que “A grande obsessão da economia é comparar crises, mas aprendemos muito pouco”. Sobre a crise concreta que vivemos, diz que há ainda muitos dados que não conhecemos. Foi a recessão mais abrupta desde a 2ª Guerra Mundial, e Portugal sofreu muito devido à sua estrutura económica muito dependente do turismo. Para o diretor da FEUC, é preciso diversificar e reindustrializar. No entanto, Álvaro Garrido teme que haja uma fé excessiva no Plano de Recuperação e Resiliência. É um plano com uma grande amplitude financeira, mas o professor considera que a pandemia revelou a importância das políticas sociais públicas e que o grande combate a travar será pela justiça social e atenuação das desigualdades.

O professor de história falou ainda do 25 de abril, que considera o acontecimento mais importante da história portuguesa contemporânea. Álvaro Garrido lamenta que a sociedade esteja muito polarizada e inquinada pelo debate nas redes sociais. O diretor da FEUC diz que há uma perspetiva muito celebratória da nossa história, e que é preciso criar uma memória histórica mais plural, mais crítica, aberta e inclusiva.

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