Movimento Mondego Vivo e a luta ambiental no Rebolim
A intervenção da Câmara Municipal de Coimbra na margem direita do rio Mondego foi o ponto de partida da polémica do Rebolim. As opiniões dividem-se entre “limpeza legal e necessária” e “atentado e crime ambiental”. Em entrevista à RUC, Catarina Santos do movimento Mondego Vivo faz um ponto de situação e revela-nos o trabalho que tem sido levado a cabo por este grupo de cidadãos cuja preocupação é garantir a preservação do rio e das suas margens.
Tudo começou com uma limpeza da Câmara Municipal de Coimbra na margem direita do rio Mondego entre o Rebolim e a Quinta da Portela. Nas palavras de Manuel Machado, presidente da CMC, uma limpeza “legal que visa eliminar espécies invasoras e remover resíduos”. Mas esta não é a opinião de vários movimentos de cidadãos que têm vindo a criticar a intervenção da CMC e a exigir a suspensão dos trabalhos.
O movimento Mondego Vivo nasceu com esta polémica. Desde então tem promovido várias iniciativas e manifestações. Catarina Santos em entrevista à RUC dá conta do início do movimento.
Na opinião do Mondego Vivo na voz de Catarina Santos, esta intervenção da CMC além de “devastadora” foi “pouco transparente” e não pode ser chamada de limpeza já que o lixo continua naquela zona, apenas escondido agora pela terra que as máquinas terraplenaram.
O dia em que foi convocada a primeira Assembleia Pública do movimento, foi também o dia em que Manuel Machado anunciou que uma acção de reflorestação já estaria em curso. O Mondego Vivo foi ao local confirmar, mas “não havia nada acontecer”. Só quase uma semana de depois começou a plantação de árvores oferecidas pela Quercus. Catarina Santos acredita que esta acção de reflorestação foi resultado da pressão do Mondego Vivo e não parte de um plano antecipado da CMC.
As notícias sobre “o caso Rebolim” tem vindo a multiplicar-se na comunicação social e vários partidos políticos e outros movimentos de cidadãos têm tecido críticas às acções de intervenção da CMC naquela zona, bem como a sua falta de transparência. Quando questionada sobre o desfecho ideal desta situação, Catarina Santos refere exatamente a necessidade de uma Câmara Municipal mais transparente, mais próxima dos cidadãos e com uma maior consciência ambiental.
A promessa é de continuidade. O Mondego Vivo vai continuar esta luta ambiental e pretende fazê-lo de forma informada e democrática. Para Catarina Santos este é um ponto diferenciador entre o movimento e a CMC.
A próxima acção é já na próxima segunda-feira pelas 16h. O ponto de encontro é em frente à Agência Portuguesa do Ambiente. Os manifestantes seguem juntos para a Praça 8 de Maio para uma concentração e assembleia pública. As exigências são as já conhecidas: a suspensão de todos os trabalhos ainda em curso na zona entre a Portela e o Rebolim e a reflorestação urgente deste espaço com espécies autóctones, regenerando a galeria ripícola fundamental para a biodiversidade e para a gestão natural do rio. O Mondego Vivo exige também uma responsabilização da Câmara pelos espaços verdes e públicos, garantindo um horizonte sustentável para a cidade de Coimbra, do ponto de vista ambiental e social.
A entrevista pode ser escutada na íntegra, no serviço de Podcasts RUC ou no Spotify da Rádio Universidade de Coimbra.