Helena Freitas: “Coimbra tinha obrigação de ser a mais ecológica das cidades portuguesas”
A polémica da “limpeza” das margens do Mondego, Coimbra e a sua falta de visão e planeamento ecológico e as preocupações climáticas num mundo cada vez menos em harmonia com a natureza em comentário com Helena Freitas.
O Observatório de quinta-feira, dia 1 de abril, contou com comentário da professora da FCTUC, doutorada em Ecologia, Helena Freitas.
A ecologia surge no seu percurso, no âmbito das ciências biológicas com a necessidade gosto e vontade de perceber porque é que a vida acontece, porque é que as espécies evoluem e porque os ecossistemas funcionam de determinada maneira. Helena Freitas reconhece que houve uma grande evolução nesta área e que a sociedade foi progressivamente percebendo a importância da mensagem da ecologia e da necessidade crescente de harmonia das pessoas com o planeta. Para a professora da FCTUC a ecologia será cada vez mais apropriada como uma forma de estar que nos conduzirá a uma civilização ecológica.
A limpeza das margens do Mondego
Um dos assuntos mais polémicos dos últimos dias em Coimbra, é o da suposta limpeza das margens do Mondego entre o Rebolim e a Quinta da Portela. Para muitos um atentado, para a Camara Municipal de Coimbra uma manutenção legal e necessária. Na opinião da comentadora, uma intervenção que conduz a uma eliminação radical da vegetação desde logo é suspeita e fazê-lo sem um plano transparente é um mau principio. Sublinha também que Coimbra tem tratado mal o rio e as suas margens que são indispensáveis para a sua qualidade. Para Helena Freitas, o rio é tão importante para a cidade que a Câmara Municipal de Coimbra devia tê-lo como parte integrante da sua estrutura e funcionamento.
Coimbra e a Ecologia
Uma cidade inteligente deveria ser uma cidade ecológica. Helena Freitas afirma que sendo Coimbra uma cidade universitária é necessariamente uma cidade com inteligência e conhecimento. Conhecimento esse que deveria estar na base de uma cidade mais eficiente, mais transparente e com mais participação do cidadão nas opções estratégicas da cidade. A professora da FCTUC criticou a gestão dos espaços verdes na nossa cidade que na sua opinião estão “extremamente descuidados” e a falta de planificação por parte da CMC.
A pandemia e a necessidade de mudança
Já perto do final do comentário a pandemia foi como de costume um tema incontornável. A comentadora mostra-se preocupada com as consequências sociais deste período que atravessamos, especialmente no que diz respeito às desigualdades. Deixa no entanto a esperança de que esta pandemia sirva para mostrar que há uma necessidade urgente de mudar a nossa relação com a natureza: nosso sistema alimentar, a forma como desperdiçamos recursos e alimentos, como consumimos em excesso. Helena Freitas sublinha que “isto não pode continuar” e que todos nós podemos fazer a diferença uma vez que os nossos comportamentos individuais são determinantes.
O programa pode ser escutado na íntegra, no Spotify da Rádio Universidade de Coimbra, ou no serviço de Podcasts RUC.