[object Object]

Perfil Municipal de Saúde de Coimbra aponta desigualdades entre freguesias urbanas periurbanas e rurais

O documento fornece um retrato do estado de saúde da população que procura a cidade de Coimbra para viver, trabalhar ou estudar. O Perfil Municipal de Saúde 2020 indica as doenças de que a população padece e abrange o ambiente social, económico e físico construído.

O trabalho realizado pela equipa da docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Paula Santana, identificou através da análise de um conjunto de dados, algumas desigualdades em saúde e condições de vida e habitabilidade consoante as freguesias estão mais próximas ou mais distantes do centro da cidade.

Após a reunião do executivo da última segunda-feira, dia 22 de março, em declarações à RUC, a vereadora Regina Bento, afirmou que são essas desigualdades que o Município pretende “combater”.

Durante a sessão, a título de exemplo, a vereadora mencionou que a Freguesia de Brasfemes aparece com os piores resultados nos indicadores “mortalidade por causas sensíveis aos cuidados de saúde”, “mortalidade por tumores malignos” e nos “Internamentos evitáveis por prevenção primária”.
Já a Freguesia de Torres de Mondego tem o pior resultado no indicador “mortalidade evitável por causas sensíveis à prevenção” e “mortalidade evitável sensível ao consumo álcool”.
Regina Bento considera que são dois dos exemplos que vão ser analisados para desenvolver ações prioritárias.

Um outro exemplo, a Freguesia de Souselas e Botão apresenta o pior resultado no indicador “mortalidade por acidentes de tráfego rodoviário”. É também nesta Freguesia que se encontra o pior resultado no indicador “mortalidade por diabetes mellitus”. Conjunto de indicadores que pode indiciar que “não reúne condições físicas que permitam aos seus habitantes praticar exercício físico. A disponibilização de espaços verdes é uma prioridade, enfatiza a vereadora.

A Câmara Municipal de Coimbra (CMC), está a realizar um levantamento de todas as políticas, programas e medidas já existentes no âmbito da saúde. Na 1ª semana de abril (dias 6, 7 e 8) vão existir um conjunto de ‘webinars’ para envolver a população, revelou Regina Bento.

Da avaliação das condições do lugar de residência que constam do Inquérito “Saúde e Bem Estar”, realizado no ano passado em todas as freguesias, os habitantes do Concelho de Coimbra que responderam elegeram três áreas em que a autarquia deve intervir de forma prioritária: mobilidade, transportes públicos e circulação pedonal. Limpeza e manutenção urbana, habitação a preços acessíveis e espaços públicos de lazer e recreio ao ar livre formam com as anteriores as cinco áreas de intervenção prioritária mencionadas pelos inquiridos.

De acordo com a vereadora, a Câmara de Coimbra conta apresentar o Plano Municipal de Saúde até junho deste ano. O Conselho Municipal de Saúde reuniu pela segunda vez em 15 de março de 2021. Em princípio volta a reunir no segundo semestre de 2021 para debater o programa de ação que o município vai definir.
No final da reunião o presidente da CMC, Manuel Machado abordou para a comunicação social as diferentes conclusões do Perfil Municipal de Saúde de Coimbra (PMSC)

O PMSC está disponível no sítio da internet da CMC.

O que pensam do PMSC outras forças políticas

A descentralização de competências na área da saúde determinada pelo DL 23/2019, no Município de Coimbra não foi pacífica, como elucida uma notícia do Diário de Notícias através da Agência Lusa. Em momento posterior  a CMC deliberou aceitar, na reunião realizada em 9 de setembro de 2019 – validada depois pela Assembleia Municipal de Coimbra, em 27 de setembro – o exercício de competências no domínio da Saúde a partir de janeiro de 2020.

Isso mesmo lembrou o vereador da CDU, Francisco Queirós na sessão de câmara de segunda-feira quando evocou o voto contra da coligação que representa. No entanto, saudou o trabalho realizado pela equipa da Universidade de Coimbra e salientou a necessidade de manter atualizado o documento para que os decisores públicos  promovam  políticas de “equidade em saúde”.

Já José Manuel Silva do movimento Somos Coimbra elencou um conjunto de conclusões que o documento apresenta considerando  “muitas delas” como “particularmente preocupantes”. Entre as várias apontadas passamos a transcrever algumas:

  • “O peso dos jovens NEET (não estuda e não trabalha) nas freguesias do município de
    Coimbra varia entre os 9,1 e os 16,2%, encontrando-se a média do município nos 12,2%.
  • 42% dos inquiridos reporta ter dificuldades financeiras no pagamento das despesas mensais do agregado familiar, percentagem que é mais elevada em algumas freguesias rurais e mais periféricas do município (superior 60%).
  • Na mortalidade evitável sensível à pobreza, salientam-se negativamente as freguesias de Ceira, São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades e Taveiro, Ameal e Arzila.
  • As freguesias de Coimbra, Santo António dos Olivais e Trouxemil e Torre de Vilela são aquelas onde existe maior poluição atmosférica (medida pela concentração de dióxido de nitrogénio – NO2).
  • A existência de humidade nas habitações foi referida por cerca de um quarto dos respondentes (25%), e a falta de sistema de aquecimento ou ar condicionado por mais de metade (58%).
  • Cinco freguesias não têm creches no seu território (Antuzede e Vil de Matos, Brasfemes, São João do Campo, São Martinho de Árvore e Lamarosa e Taveiro, Ameal e Arzila).
  • Três freguesias, de matriz rural e periférica, não dispõem de Centros de Dia e de Convívio, respostas sociais direcionadas à população idosa, no seu território: Antuzede e Vil de Matos, São Martinho de Árvore e Lamarosa e Torres do Mondego.”

O SC propôs a criação em Coimbra de um Centro de Investigação em Medicina Preventiva e Saúde Comunitária, para colaborar na Estratégia Municipal de Saúde. De acordo com o movimento o Centro a propor pelo Município em colaboração com a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, a Administração Regional de Saúde do Centro  e o Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Mondego.

Fotografia: CMC

PARTILHAR: