Natália Cardoso: “Quando a violência é psicológica, as vítimas por vezes desvalorizam o que estão a passar”
O trabalho da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima e as suas principais áreas de foco, as situações de agressão cada vez mais complexas e os números de pedidos de ajuda durante o período de pandemia, foram alguns dos temas abordados neste programa.
O Observatório de quinta-feira, 18 de Março, contou com a participação de Natália Cardoso, gestora do Gabinete da Apoio à Vítima de Coimbra.
Natália Cardoso deu conta do trabalho feito pela APAV e as suas principais áreas de acção e falou um pouco sobre os tipos de agressão mais comum nos pedidos de ajuda que chegam à associação. Pedidos esses que se têm tornado cada vez mais complexos, onde a agressão é agravada por contextos de desemprego, problemas de saúde mental e outras dificuldades sócio-económicas.
A coordenadora do gabinete de Coimbra, falou também a respeito da violência psicológica e da dificuldade de haver provas neste caso, já que não existem marcas visíveis da agressão. Natália Cardoso realçou também, que nestes casos, existe ainda uma “normalização de comportamentos” e uma “desculpabilização do agressor” por parte das vítimas.
Os número do confinamento, embora não oficiais ainda, não revelam um aumento substancial de contactos. No entanto, verificou-se uma ligeira subida de pedidos de apoio nos períodos imediatamente a seguir à obrigação de recolher domiciliário. Na opinião de Natália Cardoso, isto pode ser indicador de que muitas vítimas esperaram o final do confinamento para tomarem decisões e procurarem ajuda.
Outro dado interessante foi o aumento em Março de 2020 de 400% de solicitações de apoio recebidos pela Linha Internet Segura. Segundo Natália Cardoso o confinamento e o uso mais massivo da internet durante este período justificam esta subida de casos.
O programa pode ser escutado na íntegra, no Spotify da Rádio Universidade de Coimbra, ou no serviço de Podcasts RUC.