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09.03.2021POR Isabel Simões

Contratos dos SMTUC adjudicados a familiares de ex-vereador em destaque na Câmara de Coimbra

O vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Carlos Cidade, admitiu que o vereador demissionário possa ter errado, no entanto lembrou o trabalho desenvolvido por Jorge Alves em áreas como a educação e o apoio social e refutou o que considerou serem “linchamentos na praça pública” por parte da oposição.

Carlos Cidade mostrou perplexidade de que através da fotografia da visita ao IPN de elementos da CMC, se possa concluir que a vereação do PS sabia da relação familiar entre Jorge Alves, ex-vereador e ex-presidente do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Transportes de Coimbra (SMTUC), com a empresa a quem os SMTUC contrataram serviços no montante de cerca de 200 mil euros. A terminar a sua intervenção, o vice-presidente do Município de Coimbra, levantou a suspeita de que o vereador do Somos Coimbra, José Manuel Silva,  seria “o único” na sala  “que sabia há muito o que estava em causa, ao contrário de todos nós”, disse.

Ontem mesmo, na sessão de Câmara o movimento Somos Coimbra, através de José Manuel Silva, voltou a exigir uma auditoria externa aos SMTUC e reafirmou que “Jorge Alves já era vogal desde 2013 pelo que não havia como não saber” da relação familiar e que “ninguém acredita que os outros dois não soubessem”, referindo-se a Regina Bento(PS) e Francisco Queirós (CDU) dois vereadores que continuam como administradores dos SMTUC.

No início da reunião, já o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado tinha informado que o Município de Coimbra comunicou ao Ministério Público a situação, no dia 1 de março, e voltou a referir a abertura de um processo interno de averiguações para “identificar eventuais irregularidades imputadas ao ex-vereador”.

No final da reunião do executivo Manuel Machado repetiu aos órgãos de comunicação social as declarações que tinha feito à Câmara.

Regina Bento, vereadora eleita pelo PS e elemento do Conselho de Administração dos SMTUC com Francisco Queirós, eleito pela CDU, informou que, face ao pedido de demissão de Jorge Alves, partiu dos dois vereadores com responsabilidades nos SMTUC o envio ao Ministério Público de cópia dos processos dos contratos visados para “apuramento da verdade”.

A vereadora considerou ainda a hipótese de demandar, “no foro próprio e em tempo útil”, “os autores” daquilo que considerou serem “calúnias, injúrias e difamações que ponham em causa” o seu “bom nome e reputação”.

Francisco Queirós, outro dos elementos visados pela oposição, afirmou rever-se “integralmente na intervenção” de Regina Bento e lembrou o comunicado do PCP onde consta a “firme condenação de eventuais atos praticados” que, a serem provados em tribunal, serão “altamente condenáveis”, disse.

Paulo Leitão, vereador eleito pelo PSD admitiu ter ficado “esclarecido” com as declarações dos colegas vereadores elementos do Conselho de Administração dos SMTUC mas explicitou que na “esfera política” persistiam “dúvidas” em relação ao conhecimento que o presidente e o vice-presidente do Município de Coimbra teriam da relação familiar entre o ex-administrador dos SMTUC e a empresa contratada.

Tiago Martins substituiu ontem Jorge Alves na vereação, ainda sem pelouros atribuídos. Por enquanto, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra avocou para si os pelouros do vereador demissionário. À comunicação social, Manuel Machado garantiu que na educação, um dos pelouros que agora tem, tudo está a ser feito pelos serviços camarários para que a possível retoma de aulas no ensino pré-escolar e básico se concretize com tranquilidade.

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