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04.03.2021POR Tomás Cunha

Caso Jorge Alves: explicações não convencem oposição

Demissão de Jorge Alves causa polémica. Em causa estão quatro contratos assinados pelos SMTUC com uma empresa detida por familiares do antigo vereador do PS.

Do ponto de vista autárquico, a semana passada foi marcada pela demissão do vereador do Partido Socialista (PS), Jorge Alves. O antigo vereador é acusado de ter beneficiado uma empresa detida por familiares na adjudicação de serviços informáticos pelos Serviços Municipalizados de Transportes de Coimbra (SMTUC).  O vereador demissionário terá alegadamente beneficiado uma empresa detida pelo seu próprio filho e por um sobrinho no montante de cerca de 200 mil euros. Durante três anos consecutivos, entre 2016 e 2019, os SMTUC celebraram quatro contratos com a empresa STRA, detida por familiares de Jorge Alves.

Francisco Queirós e Regina Bento apresentaram queixa-crime no MP

Em entrevista à RUC, o vereador da CDU e membro do Conselho de Administração dos SMTUC, Francisco Queirós, confirmou os valores e admite que se sente traído pelas informações que entretanto vieram a público.  O vereador comunista revelou, ainda, que apresentou em conjunto com Regina Bento, vereadora do PS e sua colega no Conselho de Administração dos SMTUC, uma queixa-crime no Ministério Público (MP) relativamente aos atos de gestão referentes a estes contratos.

É preciso apurar as responsabilidades políticas, afirma o PSD

Quem não entende esta queixa é o PSD. Carlos Lopes, presidente da Concelhia do PSD-Coimbra, considera que é “incompreensível” que dois membros do Conselho de Administração dos SMTUC apresentem uma queixa-crime relativamente a atos de gestão assinados e controlados pelos próprios. Para o líder social-democrata é necessário perceber até que ponto os responsáveis políticos camarários tinham ou não conhecimento das relações entre os SMTUC e a empresa gerida pelos familiares de Jorge Alves.

Já o Somos Coimbra (SC) lamenta a situação e frisa que é necessário mais transparência nos serviços da Câmara. Nesse sentido, José Manuel Silva exige uma auditoria exaustiva aos SMTUC de forma a perceber se o caso em questão foi ou não um ato isolado.

Francisco Queirós soube das irregularidades no sábado

Questionado sobre a data em que soube das alegadas irregularidades, Francisco Queirós assume que só teve conhecimento dos dados no sábado. O vereador comunista recordou que os contratos eram de anos diferentes e com âmbitos distintos. Relativamente à relação entre Jorge Alves e a empresa, Francisco Queirós refere que nunca teve razões para suspeitar de nada. O vereador eleito pela CDU explica que os nomes envolvidos nos contratos eram diferentes e que por isso não haveria razões para pensar que o administrador da empresa STRA S.A, de nome Rui Maranha Sales seria filho de Jorge Alves.

Regina Bento e Francisco Queirós andavam muito distraídos na gestão dos SMTUC, afirma José Manuel Silva

As diferenças de nomes não convencem o Somos Coimbra. O desconhecimento do Conselho de Administração dos SMTUC relativamente ao caso causa a estranheza a José Manuel Silva. O vereador do Somos Coimbra admite inclusive que o caso já era comentado pelos funcionários dos SMTUC e que o próprio movimento já tinha entregue uma queixa no Ministério Público. Para José Manuel Silva é preciso investigar a situação até às últimas consequências.

Carlos Lopes considera que é necessário apurar as responsabilidades políticas das várias partes envolvidas no caso, incluindo do próprio presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado.

Manuel Machado considera que foi alvo de “calúnias”

No decorrer da tarde de quinta-feira, dia 4, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, reagiu ao caso através de uma nota de imprensa. No texto, o presidente da CM Coimbra considera que foi alvo de “calúnias difamatórias e torpes” e remete mais esclarecimentos para o Ministério Público. Relativamente às críticas elencadas pelo Movimento Somos Coimbra, Manuel Machado reserva-se ao “direito de demandar os respetivos autores, no foro próprio, e em tempo útil”, pode-se ler na nota de imprensa supramencionada.

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