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CHSC propõe espreitar por baixo da saia da sociedade dos séc. XIX e XX

A evolução dos cânones estéticos e eróticos, os papéis sociais da mulher e os novos desafios da indumentária feminina vão estar em debate no colóquio internacional “Curvas, Espartilhos e Roupas de Baixo”.

 

Será sobre a moda interior feminina dos séculos XIX e XX que se vão debruçar historiadores, diretores de museu e designers de moda. Trata-se de uma expedição à “História Íntima da Sedução Feminina”, organizada por investigadores do Centro de História da Sociedade e da Cultura (CHSC), que procura olhar certos pontos da sociedade à época partindo de duas coleções de roupa interior feminina, nomeadamente a coleção do solar dos Coutinhos em Leomil, para lados de Moimenta da Beira, e a coleção do Museu Municipal Santos Rocha na Figueira da Foz.

O colóquio tem dois eixos temáticos “Seduzir pelo corpo e pelo espírito” e “Indumentária feminina e novos desafios: arte, folclore e design”, contou a professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), Irene Vaquinhas.

Neste período da história apareceram e desapareceram vários destes aparelhos: o espartilho, a tournure, a coulotte e a crinolina. Todos os artefactos visados são “dispositivos que alteravam significativamente o corpo” para o enformar convenientemente nos padrões da época. E não poucas vezes, sem uma sujeição ao sofrimento físico.

Irene Vaquinhas sublinha ainda que estes objetos não serviam apenas para moldar o corpo mas também para domar o comportamento e “acentuar a fragilidade”. Objetivos que vão ao encontro do entendimento da sociedade patriarcal sobre a condição feminina.

A investigadora da Faculdade de Letras realça ainda que estes padrões de beleza são identificáveis até nas classes sociais mais baixas e com menos capacidade económica. Irene Vaquinhas elucida este ponto recordando que em Portugal, existiram os famosos corpetes de atacadores das ovarinas ou as sete saias das nazarenas.

O Colóquio atravessa várias décadas da história e vai até ao século XX, a uma altura em que “as saias começaram a subir muito rapidamente”. De destapar o pé a destapar o tornozelo foi ‘um tirinho’ e quando chegou perto do joelho “foi para muitos uma grande afronta”. Diz a professora da FLUC que a moda feminina começou a compatibilizar-se com as modernidades do mercado de trabalho, do lazer, e da prática desportiva.

Contou ainda a docente da FLUC que a ideia de organizar cientistas em torno de “atrevido” tema surgiu já no ano 2020 a propósito da celebração dos 730 anos da Universidade de Coimbra, que teve por mote a palavra “Ousadias”.

O evento “Curvas, Espartilhos e Roupas de Baixo: Uma História Íntima da Sedução Feminina” acontece na quinta e na sexta-feira, dias 4 e 5 de março. Além de todas as comunicações e debates entre os oradores, o programa conta com intervenção do Reitor da Universidade de Coimbra e do diretor da Faculdade de Letras na sessão de abertura. O evento é online e de livre acesso a todos os curiosos.

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