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03.08.2025POR Programação RUC

Até ao limite da madrugada | Mêda+ dia 3

O sol ainda mal se despedia e já pairava no ar aquele sabor agridoce do último dia. O Mêda+ 2025 caminhava para o fim, mas não sem antes entregar mais uma mão cheia de concertos repletos de emoção.

No Palco Mercado, foi Bia Maria quem encerrou a programação com um concerto doce, melancólico e intimista, que se revelou particularmente comovente. Grande parte do público optou por permanecer sentado, num silêncio atento que refletia a sintonia criada entre a artista e quem a ouvia. Com uma voz límpida acompanhada pela guitarra e piano, Bia Maria navegou por canções que, apesar da tristeza que carregam, acendem uma luz de esperança. Um dos momentos altos do concerto foi a interpretação do tema “Os Bravos”. Contudo, o mais marcante para quem esteve presente foi, sem dúvida, a participação da Academia Sénior da Mêda nos dois temas finais – “Marcha da Paridade” e “Qualquer Um Pode Cantar”. A emoção foi palpável, com lágrimas a escorrer e sorrisos cúmplices a surgir. Ver os seniores da terra em palco, lado a lado com a artista, foi uma celebração viva da comunidade e da música como espaço para todos.

Bia Maria e Academia Sénior da Mêda | Palco Mercado

Logo a seguir a Amaura, Capicua sobe ao Palco Mêda+, com força e sem receios para apresentar o seu novo disco “Um Gelado Antes Do Fim Do Mundo”. Com rimas e mensagens que não deixam ninguém indiferente, a rapper do Porto entregou um concerto intenso, onde cada palavra pesava. O público correspondeu com total entrega, absorvendo cada verso e batida. Fiel à sua natureza interventiva – presente não só nos seus concertos, mas também nas próprias músicas – Capicua deu ainda voz à luta do povo palestiniano, à qual  encontrou eco imediato no público. As bandeiras da Palestina, já presentes entre o público, ergueram-se ainda mais alto enquanto se escutava “Free, free Palestine”. Um momento marcante em que a música deixou de ser só arte para se tornar numa forma de luta colectiva.

Capicua | Palco Mêda+

Já com a noite bem lançada, foi a vez dos Quadra encerrarem a programação do Palco Mêda+. O início foi mais tímido, com o público ainda a recuperar da intensidade do concerto anterior, mas bastaram alguns temas para a banda conquistar terreno e trazer de volta aqueles que tinham dado um passo atrás. O verdadeiro ponto de viragem chegou com a versão vibrante de “Paixão”, dos Heróis do Mar, que puxou de volta quem estava mais distante e pôs toda a gente a cantar, contagiados com a energia da banda.

Coube a Mike El Nite a missão de fechar o Mêda+ com um DJ set que alongou a festa até ao limite da madrugada. Após três dias marcados por vozes diversas e palcos cheios, conseguiu manter o espírito vivo até o sol começar a espreitar. A primeira parte do set focou-se em música portuguesa, misturando clássicos e descobertas, que mantiveram o público ligado e dançante. À medida que a noite avançava, o repertório abriu-se a outras sonoridades, sem nunca perder o pulso da festa. Apesar do visível cansaço, ninguém parecia querer parar; o público resistiu ao silêncio com energia e movimento. A autorização da organização para prolongar o set, que chegou até às seis da manhã, permitiu quase cinco horas de dança e diversão. Para fechar essas longas horas, Mike El Nite passou dois temas: primeiro, fez a vontade ao público que estava há muito tempo a pedir Xutos & Pontapés passando “A Minha Casinha”, e para terminar ouviu-se na Mêda, já de dia, “Sonhos de Menino”, que dedicou a todas as aldeias nacionais.

Mike El Nite | Palco Mercado

 

Crónica por Maria Gaspar

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