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DJAVAN o artista que azuleja a vida

Subiu aos palcos portugueses pela primeira vez apenas em 2019, mas compensa agora o encontro tardio com o público português. Um ano depois da estreia de “D” em Portugal, Djavan regressa com a mesma tour às cidades portuguesas – Porto e Oeiras –, trazendo de volta o concerto que traduz para o “ao vivo” o mais recente disco do cantor e compositor brasileiro.

“Porto, é bom estar de volta!”, disse-nos Djavan, mas não é bom só para ele: o namoro é correspondido e o nordestino encontrou mais do que reciprocidade num Pavilhão Rosa Mota esgotado. Debaixo daquela cúpula e pouco depois das nove da noite de 12 de Julho, já havia milhares de pessoas a compor o auditório que aguardava ansiosamente a voz de Djavan. Antes disso, na voz da líder e ativista indígena Sônia Guajajara, a Ministra dos Povos Originários, um Manifesto: “Nós, povos indígenas, somos a sustentação da sobrevivência do planeta”. É assim que abre o espectáculo dedicado a todas as minorias, com a reivindicação da preservação da Terra, dos povos que a preservam e dos saberes e dos fundamentos ancestrais que a sustentam. Depois, sim, chega-nos Djavan, vestido da cor que azuleja o dia, azul, num look monocromático que encheu o Pavilhão de cor. Já na sua voz, é com “Curumin” e “Boa noite” que inicia o alinhamento, acompanhado até ao final pelos painéis ilustrados por artistas plásticos indígenas.

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Marcelo Mariano no baixo e vozes, Felipe Alves na bateria, João Castilho na guitarra e violão, Paulo Calasans no piano e teclados, Renato Fonseca no teclado e vozes, Jessé Sadoc no trompete e flugelhorn e Marcelo Martins no saxofone, flauta e vozes. São sete os músicos que acompanham Djavan, mas é imediatamente a seguir aos primeiros acordes que se percebe que o conjunto musical formado pelos oito será acompanhado de início ao fim por quase cinco mil vozes. Um coro colectivo que se fez ouvir em todas as partes do alinhamento de “D”,  com especial protagonismo em “Meu bem querer”, o momento em que, apenas com voz e violão, Djavan se posiciona sozinho no palco, no entanto, sem que um único verso seja cantado a solo.

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Expectável, mas nem por isso menos impressionante, a organização do auditório em lugares marcados não resistiu ao alinhamento. Ainda antes do final da primeira metade do concerto, já o público corria de todas as pontas da arena até ao palco, enquanto Djavan cumprimentava todas – mesmo todas! – as mãos que se esticavam até ele. Depois disso, foi inconcebível o regresso aos lugares sentados e a plateia moldou-se no caos organizado de quem queria muito ali estar e, sobretudo, ficar. Forma-se, então, um primeiro balcão humano mesmo junto ao palco, que se manteve inquebrável – em pé, em colos e em abraços – até ao final. Na despedida, um encore Lilás e uma promessa: quando o quisermos de volta, é só chamar! 

 

Texto: Rita Brás

Fotos: Camila Fizarreta

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