OCENPSIEA: “A nossa música é uma mistura de muitas coisas”
Instantes antes do concerto de 37º aniversário da Rádio Universidade de Coimbra, os OCENPSIEA estiveram à conversa com a RUC, sobre as suas origens e referências, e desvendaram um pouco acerca de futuros trabalhos.
“Oh Chefe Eu Não Pedi Sumol? Isto é Água” é a expressão que dá origem ao acrónimo OCENPSIEA. A banda, natural de Braga, conta já com 3 álbuns lançados, mas é no mais recente, Oceano-Mar, onde surgem várias participações de peso, como David Bruno e PZ. É também lá que surge o tema Ruído, tema esse que foi incluído pelos canadianos BADBADNOTGOOD na sua playlist “jazz favourites”, no Spotify e que foi também alvo de elogios por parte de Anthony Fantano, o nerd musical mais ocupado da internet.
O conjunto já exibiu várias formações, mas apresenta-se atualmente com João Nuno Vilaça na bateria, Gonçalo Lopes no baixo elétrico, Mafalda BS (Mafalda Silva) na voz e sintetizadores e Zé Diogo nos teclados e voz. Foram estes os artistas que entraram em palco no dia 3 de março às 21h para o concerto de aniversário da RUC no TAGV. Gonçalo Lopes e Mafalda Silva estiveram à conversa com a RUC, instantes antes do espetáculo.
Começando pelo início, e recuando até 2017, ano do lançamento de Conega 103, primeiro disco da banda, Gonçalo Lopes recorda a origem do conjunto. Um grupo de amigos, estudantes de música no conservatório de música de Braga, reuniam-se frequentemente para “jam sessions” e assim começou a surgir algo.
Todos os membros da banda têm formação clássica. Mafalda BS reconhece que esse conhecimento desde cedo lhe despertou o interesse pela música e serviu de ferramenta para explorar a música para além “da partitura”.
Instigados a definir a música que produzem, rejeitam colocarem-se dentro de “uma caixa”, convictos de que a música por eles feita é uma “mistura de muitas coisas”. Ao escutar os 3 álbuns de OCENPSIEA, são inegáveis, porém, as influências do “novo jazz” de BADBADNOTGOOD. Gonçalo reconhece que, numa fase inicial, os canadianos eram uma referência artística, mas que as músicas têm muitas influências, desde a música clássica à eletrónica.
Virando as agulhas para o panorama português, corria o ano de 2022 quando OCENPSIEA subiam ao palco do festival Vodafone Paredes de Coura, num dia composto apenas por nomes nacionais. Desafiados a avaliar a cena musical portuguesa, ambos reconhecem as dificuldades que os artistas atravessam atualmente. “Faz-se muito com pouco”, atirou o baixista, reconhecendo o valor que existe na música portuguesa, apesar da escassez de recursos disponível. Mafalda concorda. Reconhece a dificuldade que é ser artista em Portugal, mas que há bons casos de sucesso, dando o exemplo da própria banda, que apesar de fugir ao “mainstream” está a “sair cá para fora”.
Mafalda BS não fazia parte da formação original da banda. Apareceu pela primeira vez no álbum Oceano-Mar, de 2021 e juntou-se definitivamente em 2023. A vocalista e teclista descreve o processo de integração como “natural”, após 2 dos membros originais se terem separado.
O tema Isto é água, primeiro em que surge a voz de Mafalda BS com OCENPSIEA, é introduzido por uma sequência de falas de locutores de rádio a apresentar a banda. Entre eles, Fausto da Silva, locutor da RUC e autor do Santos da Casa, programa de rádio trintenário, dedicado à música portuguesa.
Neste último álbum, surgem também participações de grande nome da cena portuguesa, como David Bruno e PZ. Ao contactar estes músicos, estes já conheciam o trabalho da banda bracarense e embarcaram no projeto, participando nas ideias propostas, como explica Gonçalo Lopes.
Quase 2 anos se passaram desde o último álbum Oceano-Mar. Perguntados sobre o que virá a seguir, os artistas revelaram que estão em processo criativo para um novo trabalho, mas sem qualquer data prevista para o seu lançamento.
Na verdade, quem esteve no concerto, teve a oportunidade de assistir a um cheirinho do novo trabalho da banda, com Não faço a semínima, tema não editado com que encerraram o concerto.
Já Mafalda BS, que vai também construindo uma carreira a solo, revela que está também a trabalhar num álbum, que já sofreu várias alterações e evoluções ao longo do tempo.
Os OCENPSIEA subiram ao TAGV no dia 3 de março, num espetáculo que contou também com o concerto de Quelle Dead Gazelle e que esteve inserido no programa do 37º aniversário da RUC.