Desafios das Editoras de Música Independentes
Para combater as dificuldades que enfrentam individualmente, as editoras surgem não só como organizações dedicadas à edição de trabalho artístico, mas também como famílias.
Portugal é palco de um panorama vasto de artistas independentes, espalhados por diferentes géneros e micro-cosmos distintos. Para combater as dificuldades que enfrentam individualmente, as editoras surgem não só como organizações dedicadas à edição de trabalho artístico, mas também como famílias. Essas famílias enfrentaram os desafios da pandemia, mas sempre viveram com dificuldades num país em que é difícil fazer vida enquanto artista.
Falamos com Bruno Dias da Monster Jinx (Darksunn) e Bruno Trigo da Troublemaker Records (PHOEBE) para percebermos como é que eles e as editoras que integram enfrentam os desafios com que tiveram de enfrentar com o passar do tempo.
A identidade da editora surgiu como o primeiro tema de conversa – feitas as apresentações das editoras, resta-nos saber como é que elas constituem e constroem o seu plantel de artistas. Bruno Dias começa por o explicar, com Bruno Trigo a partilhar uma perspectiva semelhante à do veterano da Monster Jinx.
As editoras modernas acabam por incorporar diferentes modalidades artísticas e sociais. Bruno Dias explica-nos de que maneira a Monster Jinx não é só música.
Bruno Trigo não estranha esta diversificação das atividades e fala-nos sobre o desejo de tornar a Troublemaker Records numa production house.
Não podíamos falar sobre a direção da música e das editoras sem discutir os modos de consumo de música. Apesar de serem largamente digitais há alguns anos houve uma mudança – a compra foi substituída pelo streaming, algo que garante uma maior acessibilidade ao público mas prejudica os artistas. Bruno Dias começa por nos dar a perspectiva da Monster Jinx, uma editora digital com 10 anos de experiência que sempre lutou pela liberdade na disseminação da música.
De seguida, Bruno Trigo fala-nos sobre a sua visão dos serviços de streaming e sobre como forçaram a Troublemaker Records a abandonar os canais que compensam melhor os artistas.
A realidade das editoras também involve a interação dentro da esfera das redes sociais. Daqui surge outro desafio – como participar nesse mundo sem que a identidade da editora fique perdida. Bruno Dias apresenta as redes sociais como uma ferramenta que garante a disseminação daquilo que a Monster Jinx quer mostrar ao mundo.
Bruno Trigo também vê as redes sociais como uma ferramenta de disseminação, dando maior privilégio às páginas pessoais e fala-nos das dificuldades associadas à manutenção de uma página numa rede social, bem como da naturalidade que as redes sociais ganharam.
Uma conversa sobre editoras modernas não pode acabar sem que pensemos no papel dos direitos de autor. A Monster Jinx editou 90% das suas faixas por Creative Commons, uma licença criativa que permite a distribuição livre de trabalhos com direitos de autor, e Bruno Dias explica-nos a perspectiva da editora portuense no que toca a direitos de autor.
Bruno Trigo partilha a mesma perspectiva, referindo a importância desta liberdade de partilha na música baseada em samples.
Uma conversa sobre desafios em tempos de pandemia não pode evitar referir o impacto socio-económico que a mesma implica. Neste tópico que encerra a conversa, Bruno Dias começa por nos explicar de forma muito concreta o impacto exacerbado que a pandemia teve nas finanças da Monster Jinx.
Para Bruno Trigo a história é ligeiramente diferente. A Troublemaker Records, uma editora mais nova, estava agora a criar o seu próprio andamento e espaço. A pandemia veio colocar um travão forçado neste progresso, sem que esse isso impedisse a Troublemaker Records de superar essas adversidades através de iniciativas pontuais, criativas e solidárias.
Conversa inserida dentro das celebrações dos 35 anos da Rádio Universidade de Coimbra. Moderada pela CIGA239, para ouvir na íntegra: