Académica Sub-23: os destaques de uma equipa em ascensão
A vitória de 3-0 sobre o V. Guimarães veio cimentar a boa forma da equipa da Académica, onde surgem individualidades promissoras.
Um dos temas em discussão no programa Prognósticos desta semana foi a boa forma que a equipa sub-23 da Académica, orientada por Miguel Carvalho, tem vindo a apresentar. Nos últimos 3 jogos, somou 8 golos e 6 pontos, tendo escorregado frente ao Sporting, apesar da exibição positiva. Ocupa agora a quarta posição na série de descida da Liga Revelação, apenas atrás de Benfica, Sporting e Portimonense, e onde é a equipa mais goleadora, com 28 golos marcados nos 12 jogos disputados nesta série.
As transições rápidas têm sido uma das armas do escalão jovem da Académica. Bem à imagem do plantel principal, essas transições são potenciadas pela velocidade dos extremos (Leandro Ferreira e Tomás Costa) e por um meio-campo competente.
Os destaques
Começando pela baliza, é Alexandre Galvanito que mais provas tem dado entre os postes da baliza dos estudantes. É um jovem talento assumido pela estrutura do clube, tendo já Rui Borges dito que a direção tem ambição que ele chegue às seleções jovens. Está inscrito na segunda liga e chegou a ir para o banco em alguns jogos da equipa principal da Académica, durante a lesão de Mika, apesar de a titularidade ter sido dada a Daniel Azevedo.
Na defesa, o atleta em maior destaque é Afonso Peixoto. Foi no centro da defesa que o jovem, com idade de primeiro ano de sub-19, se destacou na época transata ao serviço das camadas jovens e foi lá também que começou a presente época no plantel de sub-23. As suas principais características são a construção de jogo e o passe longo, características algo raras em centrais de segunda liga. Talvez devido à sua tenra idade e falta de alguma cultura tática de posicionamento, é à esquerda da defesa que tem atuado nos últimos jogos. Tem-se adaptado bem, tendo feito exibições de encher o olho.
No meio-campo, é Pedro Pinto o “maestro”. Com já 4 jogos realizados pela equipa principal da Briosa, é um médio centro bastante móvel: a sua técnica destaca-se nos processos ofensivos, mas nunca esquece o setor defensivo. Também Pedro Pinho e Rafael Pires têm sido peças importantes na equipa orientada por Miguel Carvalho.
É no ataque que atua o jovem aparentemente mais promissor desta equipa: Leandro Ferreira. O jovem extremo de 19 anos conta já com 22 jogos na liga Revelação e 5 golos marcados, 3 deles nos últimos 5 jogos. Mas não é só de golos que vive Leandro: fez já várias assistências para golo e é uma peça vital no processo ofensivo da Académica. Destaca-se pela sua velocidade, visão de jogo e, sobretudo, capacidade de remate: já marcou de livre direto e é uma grande ameaça nos remates a meia distância. Apesar da sua boa forma, Leandro não está inscrito na liga SABSEG, pelo que não pode ser opção para Rui Borges. Também neste setor, Tomás Costa tem sido outro destaque pela sua velocidade e capacidade técnica.
O problema
É clara a qualidade técnica de alguns jogadores do plantel sub-23 da Académica. Por outro lado, é também inegável que há um problema que salta à vista em quase todos os jogos da equipa: a diferença de porte físico entre os jogadores da Académica e o dos de equipas adversárias. E é um problema transversal a toda a equipa, não há nenhum jogador que se destaque neste aspeto. Com um futebol cada vez mais físico que se tem disputado em Portugal, e em particular na segunda liga, este fator é muito importante para se poder lançar os jovens para outros voos.
A (falta de) aposta
O principal propósito de qualquer equipa sub-23 é valorizar os jovens jogadores, com o objetivo de lhes dar possibilidades para evoluir e serem opção para a equipa principal. Desde a criação desta equipa, muito poucos jogadores tiveram espaço na equipa principal da Académica. Até à presente época, só Derik o teve.
Apesar de, na época atual, o cenário estar ligeiramente diferente, com a aposta (embora ténue) em Dani e Pedro Pinto e a rotação de Rafael Furtado entre um e outro plantel, continuam a ser tomadas algumas decisões bastante questionáveis. Falo, por exemplo, da contratação de Gabriel. Com Leandro em tão boa forma, qual a vantagem em contratar um completo desconhecido ao invés de inscrever um jovem em ascensão?
Há que reconhecer o mérito tanto de Miguel Carvalho como da estrutura do clube, por querer elevar uma equipa que, se bem trabalhada e projetada, poderá trazer mais valias a médio/longo prazo, tanto do ponto de vista desportivo como financeiro.